domingo, 10 de janeiro de 2010

Qual a graça em se xeretar a vida alheia?

Pois é Brasil apertem os cintos, desliguem suas televisões e fujam para a Ilha de Lost. Vai começar mais um Big Brother Brasil; a maior deturpação do termo criado por Gerorge Orwel. Aliás, acho que o leitor desse blog já se acostumou com mais do mesmo, então vamos lá.

Big Brother, O Grande Irmão, aquele que tudo vê é citado no livro 1984 de George Orwell. E não crianças, 1984 não é um livro lançado por nenhum ex-BBB que conte o que aconteceu dentro da casa. A única maneira de saber do que se trata realmente 1984 é lendo. Mas, por cima, o Grande Irmão é uma figura que tem a capacidade de ver o que todos os moradores do país estavam fazendo e assim controlava a vida de todos; para que todos agissem e pensassem da mesma maneira. Um instrumento de censura e dominação através do medo.
Mas por hora vamos no focar na parte que o Big Brother é aquele que tudo vê. Ou seja, algum gênio da lâmpada queimada resolveu que confinar pessoas “interessantes” em uma casa e colocar uma câmera as vigiando 24 horas por dia seria algo interessante. Pois bem, e realmente foi; se não fosse, não faria o sucesso que faz.

O problema é que tudo isso ai contra ao que eu vejo atualmente na internet e na realidade das pessoas. Quanto mais sites de perfis sociais são lançados, mais as pessoas tentam proteger as informações. Já bloqueiam Orkut, twitter, facebook e tudo mais o que você for imaginar. Se elas não gostam que xeretem na própria vida, porque xeretam a vida dos outros?

Sim, já que reality shows nada mais são do que métodos de se xeretar a vida das pessoas. Pessoas essas que fazem vídeos com o intuito de que elas possam mostrar ao país como elas são. Não vejo como alguém confinado em uma casa, tomando sol o dia todo pode mostrar ser relevante em qualquer coisa. Quer ser relevante, faça algo de útil.

Então porque o Big Brother e outros reality shows são um sucesso? Simples, como definiria Debord: “O que é bom aparece na mídia, o que aparece na mídia é bom”. As pessoas gostam de ser ver refletidas em personagens, de ver a sua vida exposta nos meios de comunicação.

Então, podemos dizer que os reality shows fazem com que as pessoas acreditem que elas são relevantes e que elas poderiam estar ali, no lugar dos confinados. É por isso que esses programas fazem tanto sucesso. A população, o povão se vê refletido ali e assim “ganha importância”, mesmo que uma importância remota.

Funciona assim com os reality shows, com as novelas, filmes e etc. quanto mais as pessoas se veem refletidas, mais é a audiência. Elas se sentem importantes, fazendo parte do programa.
Mas o fim de tudo isso você já sabe; não é você que decide. Então, só nos resta agüentar, lamentar e torcer para que um dia a sociedade do espetáculo mude de alguma maneira. Coisa que, creio eu, não seja mais possível.



E eu continuo tentando descobrir, qual é a graça em espiar a vida alheia? Não acho minha vida interessante ao ponto de obrigar alguém a assisti-la da mesma maneira que não acho que a vida de ninguém seja tão relevante assim para que eu possa assistir.

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